domingo, 11 de julho de 2010

Reflexões

Embriaguês e Desordem em praça pública - Salvador, Bahia, Fev. 2010


Ficar embarcado tem suas vantagens. O isolamento pode resultar em uma reflexão aprofundada sobre os atos praticados quando em "liberdade". No meu caso, pensei a respeito do futuro, ou da ausência dele, mais especificamente. Por que da ausência? Analisando os últimos meses, ou o último ano, vivi de maneira perigosa, por assim dizer, uma vez que como diabético, me expus a uma série de perigos, como consumo excessivo de álcool, de comidas, falta de medicação e de acompanhamento médico, de atividades físicas regulares. Em suma, fiz tudo errado. Em se tratando de doenças crônicas, isso encurta bastante a expectativa de vida saudável, se é que isso é possível.
Desde que adquiri o Black Jack, tenho notado uma outra tendência que nem vai precisar de muito tempo pra eliminar meu futuro. Velocidade! Embora possa me considerar uma pessoa ordeira no trânsito (eu respeito motocicletas, por exemplo), se tiver espaço, vou andar rápido. Muitas vezes negligenciei o sono, ingestão de bebidas álcoolicas. Risco para mim e para os outros...
Bem, a conclusão disso tudo é que venho sendo um suicida. Mas, se me for perguntado se eu me arrependo, mesmo que isso vá me custar caro alguns anos na frente, minha resposta é não. Não me orgulho de tudo o que fiz, mas me orgulho de muita coisa, muitas mesmo. Viagens, fazer baderna na praça (vide foto), curtir um pagode sábado a tarde na segunda praia de Morro de São Paulo tomando rum, Praia do Flamengo, Reveillon em Guarajuba, tarde de pagode em Recife, férias em Floripa, forró em Fortaleza, festa a fantasia em Aracaju, almoços especiais em família, poker! Tantas pessoas, tantos lugares, tantas boas histórias para contar, que ah! Dá para marejar os olhos, só de lembrar. Alguns podem questionar: "Você poderia ter vivido tudo isso sem os excessos, sem os riscos, sem o álcool!". Se seria possível ou não, sabe-se lá. O que eu sei é que o que eu vou viver daqui pra frente, fazer e atingir, vai ser sem isso!

Não digo que eu parei, mas que eu vou reduzir substancialmente, vou! Afinal viver é preciso, mas deve se estar vivo (e de preferência inteiro) para tal.



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Clica na musiquinha ai (Eu não bebo mais - Matanza), é uma boa música, explana muito bem o tema: "Eu não bebo mais, chega de beber conhaque de alcatraz..."


Medo [2]



Rapaz, tou com medo daquele polvo! Alguma força misteriosa que governa o universo resolveu se manifestar através de um polvo vidente-glutão! Tenho medo do que possa vir agora... Se liga na sequência: tsunamis, terremotos, furacões e agora polvos videntes! Corram para as colinas! É o final dos tempos!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Um dia bom...




Churrasco a bordo do Maersk Blazer! A essa altura do campeonato nem lembro mais que esse barco está ao sabor das ondas, balançando lá e cá (só na hora de dormir, esse balanço é bom...). Tudo conspira para esquecermos que estamos confinados num barco. Um belo sol, ventinho bom, cervejinha gelada (sem álcool, =//) e muita conversa. Pra completar, um sambinha rolando no camarote pra dormir feliz depois do almoço. Simples assim, receita de um dia feliz. =D
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fotinha do convés do Blazer tirada do passadiço, carregado com 3 âncoras torpedo. O churrasco foi no convés mas na sombra. Dá pra ver bem como o dia tá bonito. Clica na caixinha ai embaixo e entra no clima do sambinha! =D
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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Janaína Fiúza


"Silence! I'll kill you!"
Achmed

"Screw you Guys! I'm going home..."
Eric Cartman





Impossível não lembrar de ti, Legume. Logo você que pacientemente assistiu (e riu) comigo todas as temporadas que você já tinha visto de South Park e morreu de rir do jacaré banguela, kibeloco, do Rafinha Bastos e do Achmed e suas explosões! Sem contar Heroes e House (seriado laplululiano). Tempos de ócio, bons tempos! Aliás, bons tempos de várias coisas... de conversar até altas horas, de devastação de garrafas de Montilla, de contar centavos e tudo o mais. Companheira nas dores e na felicidade como nenhuma outra, cheia de atitude, de caráter, de força, mas humana como qualquer um, em sonhos, dúvidas e defeitos. São tantas lembranças em seis meses que daria um post só pra elas. Os bares mais pé no chão de onde saíam as conversas mais viajantes, o fusquinha do Igor, pagodes no SB, deixar o lap na merda com piadas internas, chegadas obcenamente descaradas pelos forrós da capital do sol. Até que veio a distância, primeiro os 650 km que separam Teresina de Fortaleza, depois os 2000 e tantos que separam Rio das Ostras de Teresina. Só que a distância não conseguiu diminuir em nada o carinho que sinto por você, a energia da sua torcida e a minha propria torcida pelo seu sucesso. Já tou arrumando um monte de confusão pra você advogar pra mim quando se formar, então agiliza a parada ai! Janaína Fiúza, minha prima-irmã! Muitas saudades de você! O Black Jack tá esperando você pra gente barbarizar por ai! Abraços e saudades!
ps.: Essa foto é legal. marca o final de uma era. Tiramos na Praia do Futuro em Fortaleza um pouco antes de eu ir embora para Salvador para assumir o concurso.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Aquele olhar...

Mais uma vez esperando o ônibus, que raiva! Sempre demora, sempre aquele aperto, sempre aquele cheiro nauseabundo de suor e sempre aquele maldito engarrafamento como que enviado pelos deuses para estender o sofrimento ao máximo numa situação de estresse absoluto do trabalho de cada dia. Levanto a vista, respiro fundo tentando vislumbrar no meio do mar de faróis aquele letreiro mágico do transporte que me levará pra casa quando noto algo de diferente na cinzenta paisagem urbana. Automaticamente minha atenção se volta para o ponto de desequilíbrio da cena.

Um tanto quanto apressada ela vem passando altiva, expressão compenetrada, passo firme, ignorando a minha vida triste e a de todos os outros ao seu redor, que assim como eu, ficam surpresos com o novo. Olhando melhor, ela não andava, parecia flutuar, suspensa pelos olhares e cujos cabelos, belos cabelos cacheados, dourados como ouro, esvoaçantes, eram insuflados pela respiração de uma platéia absolutamente atônita e admirada.

Eis que minha respiração pára, por um momento, um infinitésimo que para mim durou uma eternidade ela olhou. Aqueles olhos faiscantes, vivos, de um azul profundo como o mar, pararam sobre os meus. Um raio percorreu meu corpo, uma descarga de adrenalina como nunca tinha sentido, descompasso no coração, euforia! Tudo numa fração de segundo (ou numa vida inteira?). Um sorriso se forma no seu rosto, aquele de cantinho de boca, lascivo, de quem sabe o poder que tem e ela segue seu caminho, estonteante como apareceu, indiscritivelmente bela, ela se foi.

Como uma droga, a excitação dá lugar a um vazio profundo, uma sensação de perda indescritível, trazendo de volta o mundo cinzento, agora ainda mais cinzento, porque toda a cor se perdeu depois que o azul daqueles olhos cruzou com os meus...

sábado, 26 de junho de 2010

Enfim, viajei!


Fiz recentemente, uma bela trip... por motivações diversas resolvi ir de uma hora para outra, abasteci o Black Jack e fui com ele até Floripa. Uma viagem rápida de 1300 km com inúmeras escalas. Lá chegando, fiz alguns passeios pela cidade, praia Mole, Joaquina, Lagoa da Conceição e tal, e tenho que admitir: o lugar, mesmo no inverno, é lindão, muito bonito mesmo. Me chamaram a atenção a ausência de policiais na rua, pois o lugar é muito tranquilo, as pessoas são educadas e ordeiras e as coisas são relativamente baratas (comparado a Salvador, sair lá é baratinho). Os meus amigos de lá já estavam combinados de ir para Foz do Iguaçu conhecer as famosas cataratas e já me colocaram no meio dessa sub-trip, por assim dizer. Viagem tranquila e sem sustos para lá, embora um assalto ao bolso (70 reais de pedágio). Ficamos em um hostel realmente bom, com direito a colchão de mola novinho e tudo o mais. O parque das cataratas do iguaçu é lindo, organizado cheio de quatis e outros bichinhos mais. As cataratas em si são indiscritíveis, é realmente espetacular, só vendo pra crer. A noite em Foz do Iguaçu revela surpresas, pois lá tem uma boate que é maior do que qualquer uma de Salvador ou Florianópolis e cujas festas são muito boas e baratas. Fomos ainda ao Paraguai comprar muambas (claro!). Tudo muito barato(mesmo pagando em dólar, é cerca de 50% mais barato do que no Brasil) e fácil de achar, embora os vendedores torrem a paciência de qualquer um. Enfim, Ciudad del Este é o caos e a desordem somadas com o pandemônio, mas é barato pra comprar, então está valendo! Saímos de Foz do Iguaçu combinados de assistir ao jogo do Brasil contra a Costa do Marfim em Cascavel-PR, mas a PRF fez questão de parar nossos amigos do outro carro e revistou até a cueca dos caras e dessa maneira nos desencontramos. Em Cascavel achei a maior concentração de mulheres lindas por m² do universo, simplesmente não haviam mulheres feias no lugar, incrível, impressionante e inacreditável! Pois bem, nos despedimos de Cascavel naquela tristeza, um lugar com tanto potencial.... E seguimos estrada e na entrada de Campo Largo a Dead End da trip: um capotamento em uma saída de curva, muita gente curiosa, carros parados no meio da estrada, ausência de sinalização, chuva e neblina, ou seja: engavetamento. Ainda bem que não houveram vítimas, só o Black Jack que machucou o focinho (vai ter que trocar tudo!). Depois do acidente a galera seguiu viagem pra Floripa e eu voltei pra Rio das Ostras.


O grande lance de viajar, não é a paisagem ou as belas fotos, pois estas não capturam a alma do momento. As vezes nas fotos aparecem os sorrisos e abraços e o clima bom do grupo mas o importante de tudo é exatamente o grupo, as pessoas excepcionais que conheci durante essa viagem, o Pinagé, Marcelo, Martin, Priscyla, Ellen e tantos outros. A coisa é um tanto quanto contraditória porque ao mesmo tempo em que se fica muito feliz por conhecer e desfrutar de novas amizades fica aquele vazio de voltar pra casa e se dar conta de que as novas amizades, com as quais é possível fazer mil coisas e tal moram a milhares de quilômetros de distância. É a vida...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Telegrama


Um hiato justificado por um telegrama! Aliás, muitas coisas podem ser justificadas por esse telegrama. Este dito cujo criou um clima de urgência, turbulência e de certo modo, truculência. Várias coisas simultaneamente, inclusive deixar de escrever. Mas vamos lá, porque a urgência me impele com toda a sua truculência a narrar os fatos. Um telegrama que me deu um dead line de dois meses para o meu atual estilo de vida, mesmo que esse estilo de vida não seja o mesmo de uns meses atrás. O impacto é quase o de um Tsunami, no sentindo negativo mesmo: mudança de cidade, ter que costurar novas amizades, adaptar-se a novos costumes, voltar a uma situação de dependência da boa vontade de estranhos, pessoas queridas que ficam, projetos e sonhos que ficam imensamente dificultados, embora não impossíveis. Tudo isso em nome da famosa realização profissional. Por outro lado, quando o tsunami passa, sobre o seu rastro de destruição deve-se reconstruir a vida, novas estruturas, a chance de se fazer novo, sem pressões ou comentários indesejados que sempre aparecem nessas horas e, é claro, algun$$ reai$$ a mais na conta bancária. Um dilema, a big one.

Animo-me ou desespero-me?

Em 2004, mudei de cidade, vim de Teresina para Fortaleza, acho que me adaptei bem aos costumes cearenses, me dissolvi na sociedade local, fiz muitos bons amigos, possivelmente inimigos, muito amei (e ainda muito amo) e muito chorei (como ainda muito choro) e entre erros e acertos acho que me saí bem. Essa iminência de partir, cheia de expectativas de nova vida (embora essas estejam cobertas pelo fino véu da tristeza), cria um desesperado carpe diem, um clima imensamente alegre, despedidas em festas homéricas, fotos, promessas de visitas (que nunca ocorrem), aquele bar das cachaças de sempre, a casa dos churrascos, os abraços das pessoas certas e ao final, quando as festas acabam, sentado sozinho num canto, aquela lágrima escondida, que cai insistentemente, denunciando o vazio.

Por já ter feito isso uma vez, sei que os primeiros meses são estupidamente tristes, nada tem as mesmas cores, mesmo a possibilidade de ir ao Maracanã ver o flamengo jogar não parece tão atraente sem os amigos pra ver junto. Sei que depois os novos amigos vão suprindo o vazio, a rotina seca as lágrimas e o novo way of life se efetiva. Assim, aos poucos, a felicidade se restitui e o que outrora era tristeza, se transforma numa gostosa saudade. E os antigos amigos, aqueles realmente amigos, aparecem, ressurgem, ressurgem pra ficar.

Mas, entretanto, embora, todavia, contudo, tenho certeza que uma coisa e absolutamente uma coisa, a distância e o tempo não conseguirão mudar nem providenciar substituto!

Mas, que coisa é essa??