quinta-feira, 14 de maio de 2009

O medo

"I'm coming to an end,
I've realised what
I could have been.
I can't sleep so I take a breath and
hide behind my bravestmask,
I admit
I've lost control."


Não dá mais, eu não posso proseguir, não há mais forças, rezo desesperadamente para que Ele ponha um fim em tudo isso, nessa agonia, nesse turbilhão de memórias e medos que varre do meu corpo qualquer traço de consciência e sanidade. O Medo, Ah o Medo! Sorrateiro, se infiltra em cada poro, em cada espaço, minando a coragem, sabotando a esperança, exaltando as falhas, anulando qualquer possibilidade de raciocínio organizado. Em seu sórdido trabalho, ele cria em mim um futuro todo seu, moldado ao seu interesse, instiga premonições, as mais vis premonições, onde em delírio se vê a traição, a dor, o abandono e o desprezo. "Não, eu não vou deixar isso acontecer!", grito em silêncio e então, ataco desesperadamente aqueles que vi em delírio, machuco, esmago e silencio, agindo em autodefesa, me preservando de um futuro negro que nunca veio a existir. Ao final, exausto e sozinho, levanto a cabeça. Tomado pelo sentimento de triunfo, respiro fundo e olho ao redor, nada vejo, apenas corpos pelo chão, corpos de quem eu amo, de quem me amou e seus olhares, olhares rancoros, decepcionados, frios, irreversíveis. Novamente o delírio, tudo aconteceu! "Mentira, não pode ser, eu nao fiz isso!". O tempo para, as leis da física se revertem, tudo gira e a dor, a enlouquecedora dor, anabolizada pela culpa, pelo erro me dizem "E se?", adicionando mais dor, mais culpa, mais infelicidade e atingindo a insanidade me deixo cair. Cair num abismo, escuro, cada vez mais escuro e frio, onde o que seria o meu futuro aparece como flashes, me torturando com imagens poeticamente felizes quando tudo o que eu vejo e sinto agora é negro e sem esperança. E o Medo? Ah, o Medo! Apenas observa, invisível, impassível, espalhando sua aura má e densa, deliciado pela dor, saboreando cada gota do desespero com um indisfarçável sorriso no rosto, lançando um olhar agudo, triunfante e escarnecedor para por fim, rir.



Um comentário:

Natália Vaz disse...

É meu orgulho ver um engenheiro escrevendo tão bem! =)

;**